terça-feira, 23 de agosto de 2011

AS ORIGENS DO CÂNCER


Mudanças em um pequeno número de genes podem ser causa do câncer.

Grande parte da população está  exposta a agentes cancerígenos, mas apenas
 uma. pequena minoria desenrolve tumores perigosos.


                
O que causa o câncer? Fumar, tabaco, muitos diriam.
Provavelmente excesso de bebidas alcoólicas, de sol ou de
carnes grelhadas; infecção  por papilomavírus cervical;  amianto. Com certeza, todos esses fatores tem fortes ligações com o câncer. Mas eles não são sua causa. Grande parte da população  está exposta a esses cancerígenos, mas apenas uma pequena minoria desenvolve tumores perigosos como consequência.

               Uma causa, por definição, leva invariavelmente a seu efei­to. A causa imediata do câncer deve ser alguma combinação de injúrias e acidentes que induz células normais em um corpo hu­mano saudável a se tornarem malignas, crescendo como ervas . daninhas e se espalhando por diferentes lugares do corpo.
            Nesse nível, a causa do câncer  é um mistério completo.
Na verdade, cerca de uma década atras, muitos geneticistas estavam confiantes em que a ciência já encontrara a resposta: o câncer é resultado do acúmulo de mutações que alteram locais específicos do DNA em uma célula e, assim, modificam as proteínas codificadas por certos genes presentes nesses locais. As mutações afetam dois tipos de genes relacionados com o câncer. Os primei­ros são chamados supressores de tumores. Eles normalmente freiam a capacidade das células de se dividir, e mutações que os danificam permanentemente fazem as células se multiplicar sem controle. Os do segundo tipo, conhecidos como oncogenes, esti­mulam o crescimento - em outras palavras, a divisão celular. Mutações nos oncogenes fazem com que des permaneçam sem­pre ativos, estimulando continuamente as células a se dividir.


Ninguém questiona que o câncer é, em última análise, uma doença do DNA


            Alguns pesquisadores ainda acham que mudanças  em um pequeno número de genes relaciona­dos com o câncer são o evento inicial e a causa  primária de todo câncer humano.

Outros, entretanto, inclusive alguns reno­mados oncologistas. começam a duvidar dessa hipótese. Ninguém questiona que o câncer e,
em última análise, uma doença do DNA. Mas à   medida que investigam os tumores em suas fases iniciais, os biólogos tem descoberto muitas outras anormalidades em células ainda não cancerosas, mas já a caminho de se tornarem malignas. Cromossomos completos, com mil ou mais genes, são com frequência perdidos ou duplicados inteiramente. Pedaços de cromossomos são com frequência. misturados, truncados ou fundidos entre si. Incorporação de moléculas de certas substâncias ao DNA ou as histonas sobre as quais ele se enrola, algumas vezes silenciam _ genes importantes, mas de um modo reversível muito diferente da mutação.
As evidências acumuladas geraram algumas hipóteses que competem com o dogma padrão para explicar quais mudanças acontecem primeiro e quais transformações são mais importan­tes·na dezena de anos necessários para transtornar uma célula e suas descendentes de um  tecido bem-comportado em tumores invasivos. Essas hipóteses contestam a ideia de que a doença . seja um produto de uma situação  genética bem definida. Elas propõem que é mais produtivo pensar no câncer como consequência de um processo caótico, uma combinação da Lei de Murphy e da Lei de Darwin:se algo pode dar errado, certamen­te dará, e em um ambiente competitivo, o mais bem adaptado
sobreviverá e prosperará.

Muitos tipos de câncer poderiam ser prevenidos por exames eficientes

                          Apesar de compartilharem esse mesmo princípio básico, as novas teorias fazem predições diferentes sobre que tipo de tratamento se­ria o mais indicado. Algumas sugerem que mui­tos tipos de câncer poderiam ser prevenidos por exames mais eficientes, por mudanças na dieta e por novos medicamentos - ou mesmo por medicamentos antigos como a aspirina. Outras hipóteses lançam dúvidas sobre essas esperanças.


                     Durante a vida de um animal as divisões celula­res são rigorosamente controladas, de modo a ga­rantir o bom funcionamento do organismo. Ao lon­go do desenvolvimento embrionário e das fases jovens da vida, as divisões celulares devem sobrepu­jar a morte das células, para que os diversos órgãos se formem e cresçam ate atingir seu tamanho defi­nitivo. Na fase adulta, o ritmo das divisões celulares diminui, passando a ocorrer apenas quando há necessidade de repor as células que morrem natural­mente ou em consequência de acidentes.
Entretanto, podem ocorrer alterações genéticas que danificam o sistema de controle da divisão celular, levando a célula a crescer e se multiplicar sem necessidade. Caso essa tendência de multiplicação incontrolada seja transmitida às células-filhas, surgirá um clone de células com propensão a se expandir indefinidamente: um tumor.
Se um tumor e constituído por células que fi­cam restritas ao local onde surgiram, geralmente ele não causa maiores problemas ao organismo, sendo, por isso, denominado tumor benigno. Al­guns tipos de tumor, no entanto, possuem células capazes de migrar e invadir os tecidos vizinhas, po­dendo atingir, por meio da circulação sanguínea e linfática, diversas regiões do corpo, onde originam novos tumores. Esse tipo de tumor, denominado tumor maligno, ou câncer, e bastante prejudicial ao organismo e, se não for combatido adequadamente pode provocar a morte do portador. As células tumorais malignas se espalham e se estabele­cem em outras áreas do corpo, formando novos tumores, num processo denominado metástase.
Os citologistas costumam classificar os tumo­res malignos em dois grandes grupos: sarcomas e carcinomas. Sarcomas são tumores provenientes de células originadas do mesoderma do embrião, enquanto carcinomas provêm  de células origina­das do ectoderma ou do endoderma embrionários.  A leucemia é um tipo especial de sarcoma, que atin­ge os glóbulos brancos do sangue.
                    Com exceção da leucemia, em que as células estão livres no sangue, os tumores são estruturas sólidas. Um tumor pode crescer ate atingir cerca de
1 milhão de células, produzindo uma estrutura mais ou menos esférica com cerca de 2 milímetros de diâmetro. Nesse ponto as células mais internas do tumor começam a ter um problema de nutrição, pois os nutrientes trazidos .pelo sangue não conse­guem chegar até elas. O  esperado seria que essas células morressem e o tumor deixasse de crescer. ' Entretanto, a maioria dos tumores tem a capaci­dade de induzir a angiogênese, que e a formação de novos vasos sanguíneos. A descoberta de substâncias que bloqueiam a angiogênese tem sido,. motivo de otimismo entre os médicos, pois pode levar ao desenvolvimento de novos agentes terapêuticos para o combate ao câncer.

                 A transformações de uma célula normal em uma célula tumoral pode ocorrer devido a diversos tipos de alterações genéticas: mutações gênicas, perdas e duplicações de cromossomos (inteiros ou pedaços) quebras cromossômicas etc.    Como diz o " pesquisador  William C. Hahn (citado por W. Wayt  Gibba em Scientific American, vol. 289, n. 1, 2003,  p. 50), "se olharmos a maioria dos tumores sólidos em adultos, parece que alguém fez uma bomba explodir no núcleo das células' .  A teoria mais conservadora para a origem do câncer admite que para uma célula tornar-se maligna são necessárias de 3 a 20 mutações, dependendo do tipo de câncer, em uma sequência definida. Essas alterações ocorrem em duas classes principais de genes, denominados respectivamente: genes supressores de tumor e oncogenes. Os primeiros produzem proteínas, como a p53 mencionada anteriormente, que impedem progressão do ciclo celular quando há problemas. As oncogenes estimulam as divisões celulares. Mutações nos genes supressores de tumor podem per­mitir que células alteradas se reproduzam. Modificações nos oncogenes podem fazer com que as células se dividam indefinidamente.            I

                  A necessidade de que ocorram diversas alterações para produzir tumores faz com que eles sejam mais frequentes em pessoas idosas. Uma  pessoa de 70 anos de idade tem 100 vezes mais risco de ser portadora de um câncer que uma de  19 anos. Algumas vezes a pessoa herda de seus pais alterações genéticas, o que a torna mais propensa a desenvoltumores pois, nesse caso, serão necessárias menos mutações para que a doença se manifeste. Essa e uma das razões de certas famílias apresentarem maior incidência de
certos tipos de câncer. (Fig. 8.14)



A.  Representação esquemática de uma célula tumoral em tecido epitelial e seu desenvolvimento,­em um tumor maligno. O tumor estimula a angiogênese e libera células invasivas na da circulação sanguínea.

B. Gráfico que mostra a incidência de diversos tipos de cânceres humanos em função da idade. Note que as taxas de incidência assim como as idades estão  expressas em escala Iogarítmica; isso e necessária para que se possa representar o aumento drástico da incidência de câncer com o avanço da idade; por exemplo a taxa de incidência do câncer de próstata e 500 vezes maior em pessoas com 80 anos do que em pessoas com 45 anos de idade. (Fonte: Volgeistein, B. e Kinzler. K .. 1993)


ATIVIDADE 1

1-LEIA O TEXTO RETIRE AS PALAVRAS DESCONHECIDAS
COPIE NO WORD E MONTE UM GLOSSÁRIO, PESQUISANDO OS SIGNIFICADOS  E ORGANIZANDO-OS  EM ORDEM ALFABÉTICA.

2-INTERPRETAÇÃO DO TEXTO:

QUESTÕES PARA AUXÍLIO

1- Com base no texto o que causa o câncer?
2- O câncer é resultado do que?
3- Com exceção de que tipo de câncer os tumores são estruturas sólidas?
4- Cite quais são as alterações genéticas que transformam uma célula normal em uma célula tumoral.
5- O que os oncogenes estimulam?
6- Explique sarcomas e caranomas.
7- As mutações afetam que tipos de genes relacionados com o câncer?